Antropologia Cultural

Ficha de unidade curricular - Ano letivo 2018/2019

Código: LGP20011
Sigla: AC
Secção/Departamento: Ciências Sociais e Pedagogia
Semestre/Trimestre: 1º Semestre
Cursos:
Sigla Anos Curriculares ECTS
LGP 5
Nº de semanas letivas: 15
Carga horária:
Horas/semana T TP P PL L TC E OT OT/PL TPL O S
Tipologia de aulas
Responsável: Luíz Manuel Teixeira Souta
Corpo docente: Luís Carlos Rodrigues dos Santos
Luíz Manuel Teixeira Souta

Língua de Ensino

Português

Objetivos de aprendizagem (conhecimentos, aptidões e competências a desenvolver pelos estudantes)

- Conhecer os conceitos operatórios do saber antropológico.
- Compreender a complexidade holística do Homem no quadro da sua diversidade cultural.
- Analisar mecanismos geracionais de enculturação conducentes à apropriação do património (material e imaterial) e da herança sociocultural em diferentes comunidades.
- Compreender valores e saberes de outras culturas, relativizando as diferenças.
- Equacionar processos de reconfiguração das identidades, marcados por modos de organização social periféricos.
- Participar em actividades de iniciação à investigação antropológica através de uma prática etnográfica de trabalho de campo: recolher, analisar e interpretar dados empíricos e artefactos culturais, no contexto da cultura popular portuguesa; discutir implicações sociais e metodológicas.
- Gerir o saber antropológico como uma fonte de conhecimento relevante para a sua área profissional.

Conteúdos programáticos

1. Introdução à Antropologia
- A Antropologia Cultural no contexto das ciências sociais
- Etnografia, Etnologia e Antropologia. A evolução do pensamento antropológico
- A diversidade, razão de ser da Antropologia. Os domínios da Antropologia
- Noções de Cultura. O fenómeno social total
- Uma ciência “du dehors” que se torna uma ciência “du dedans”
- As especificidades metodológicas da investigação antropológica

2. Sociabilidades e Identidades Culturais
- Indivíduo e Sociedade: Padrões de Cultura
- Das noções de pertença às folclorizações
- Identidade e alteridade. As identidades híbridas
- Diversidade cultural e relativismo cultural
- Etnocentrismo, Racismo e Xenofobia

3. Globalização, Cultura e Cidadania
- A Mundialização da cultura e a erosão das culturas singulares
- Memória e Esquecimento: Património Cultural e Imaterial da Humanidade
- Antropologia da multiculturalidade. Do colonialismo à pós-independência
- A pluralidade étnico-cultural na sobremodernidade
- Imigração, minorias étnicas e os processos de integração/exclusão
- A crescente heterogeneidade étnico-cultural da sociedade portuguesa
- Turismo e os processos de monumentalização

4. Etnografias Urbanas e Diversidades
- Etnografias Urbanas em Portugal
- Os laboratórios do global: as cidades
- Rituais da contemporaneidade urbana


Demonstração da coerência dos conteúdos programáticos com os objetivos de aprendizagem da UC

Um forte constrangimento da UC reside no percurso académico dos estudantes pois a Antropologia não esteve presente na sua formação geral no Ensino Secundário. Assim sendo, parte significativa da UC é dedicada aos conceitos operatórios, especificidade metodológica e evolução histórica desta ciência.
Procura-se que os estudantes desenvolvam a compreensão das grandes transformações, das últimas décadas, fruto de avanços científicos e tecnológicos num mundo cada vez mais globalizado, onde as distâncias (geográficas e culturais) se vão esbatendo e as desigualdades (económicas e sociais) acentuando.
Daí, conhecer os povos que têm tornado as nossas sociedades mais multiculturais; nelas se entrecruzam populações com diferentes costumes e estilos de vida. Tal traduz-se na emergência de novas realidades: p.e., as relacionadas com a (re)configuração de identidades étnico-culturais.
Apropriação dos dispositivos metodológicas da Antropologia implica a prática do trabalho de campo, pelo que os estudantes realizam actividades de observação participante, de preferência, em contextos da sua futura área profissional.

Metodologias de ensino

Espera-se uma participação activa dos estudantes no desenrolar de todas actividades (lectivas e não lectivas, incluindo a avaliação da UC), designadamente através de uma presença assídua nas aulas, nos encontros de orientação tutória e na moodle; esta plataforma informática será um meio privilegiado para, em particular os trabalhadores-estudantes, acompanharem as actividades da UC.

As diferentes temáticas serão organizadas pelo docente em aulas teóricas e teórico-práticas com utilização de meios multimédia. As metodologias utilizadas contemplarão designadamente:

- Leitura comentada de textos antropológicos de referência.
- Reflexão crítica a partir de visionamento de vídeo-documentários e de outro material audiovisual.
- Prática etnográfica de trabalho de campo, com apoio tutorial: iniciação aos processos de observação participante.
- Realização de visitas de estudo a museus etnográficos, etnológicos e/ou antropológicos.
- Dinamização de eventos com individualidades, da comunidade antropológica, exteriores à ESE.
- Exercícios escritos (genograma, histórias de vida, resumo crítico, relatório etnográfico).

Os estudantes serão incentivados a desenvolver actividades de cooperação com entidades/personalidades científico-profissionais, exteriores à escola, ligadas à Antropologia.

Demonstração da coerência das metodologias de ensino com os objetivos de aprendizagem da UC

As metodologias de ensino procuram, em primeiro lugar, levar os estudantes a um contacto directo com o saber antropológico, quer pela visita a museus etnográficos quer pela leitura e análise de monografias antropológicas produzidas, principalmente, por investigadores nacionais em contexto europeu ou, ainda, pela aproximação às instituições/personalidades relevantes desta comunidade científica. Em segundo lugar, incentiva-se os estudantes a uma prática etnográfica de trabalho de campo, em interacção directa com as culturas locais e/ou contextos profissionais ligados à sua área profissional. A apropriação dos métodos próprios desta ciência social tem, naturalmente, pelos constrangimentos temporais, um carácter introdutório. Daí que as sessões de tutoria tenham especial enfoque na preparação e acompanhamento dos trabalhos de campo e da observação participante.
Procura-se igualmente incentivar o trabalho de equipa e a partilha de conhecimentos inter-pares pelo que a parte nuclear dos trabalhos de avaliação é realizada em pequenos grupos (excepto para os trabalhadores-estudantes, se assim o desejarem). Tal não invalida a concretização de actividades individuais: tanto as ligadas à elaboração de genogramas/ histórias de vida como as que questionam os processos de construção de identidade(s) do sujeito.
No sentido de uma continuidade de trabalho e de uma partilha permanente e actual de recursos educativos, o uso da plataforma informática moodle é um instrumento imprescindível.

Metodologia e provas de avaliação

Os estudantes serão sujeitos a um processo de avaliação contínua.
A classificação final terá em conta os seguintes parâmetros: (i) Assiduidade e relevância da participação em aula – 15%; (ii) Participação nas actividades da turma – 45%: qualidade das apresentações e intervenções na aula e realização de três actividades escritas (genograma, história de vida /identidades culturais, descrição etnográfica de um objecto museológico); (iii) Trabalho etnográfico – 40%: iniciação à prática de trabalho de campo (aldeia, bairro, associação de imigrantes, etc.); conhecimentos adquiridos; domínio e aplicação dos conceitos; capacidade de pesquisa, análise e interpretação dos dados empíricos; clareza, rigor e precisão na linguagem (argumentação articulada e coerente; distinção entre essencial e acessório).

Regime de assiduidade

Aconselha-se a consulta do Regulamento das Actividades Académicas e Linhas Orientadoras de Avaliação de Desempenho Escolar dos Estudantes do Instituto Politécnico de Setúbal
https://www.ips.pt/ips_si/web_base.gera_pagina?P_pagina=30328.

Bibliografia

A.A.V.V. (1997) O que é a Raça? Um Debate entre Antropologia e Biologia. Lisboa: Espaço OIKOS.
ALMEIDA, Miguel Vale de (2004) Outros Destinos. Ensaios de Antropologia e Cidadania. Porto: Campo das Letras/ Campo das Ciências, nº 13.
AUGÉ, Marc (1992) Não-lugares: Introdução a uma Antropologia da Sobremodernidade. Venda Nova: Bertrand Editora, 1994.
BARLEY, Nigel (1983) O Antropólogo Inocente. Notas vindas de uma cabana de lama. Lisboa: Fenda, 2006. #
BATALHA, Luís (2005) Antropologia Holística. Lisboa: ISCSP-UTL. #
BETHENCOURT, Francisco (2013) Racisms: from the Crusades to the Twentieth Century. Princeton and Oxford: Princeton University Press. #
BOLLER, Boris & BIHR, Sibylle (coord.) Anthropologie et Journalisme. Tsantsa 15/2010. Revue de la Société Suisse d’Ethnologie [curso CS]. #
CASAL, Adolfo Yáñez (1996) Para uma Epistemologia do Discurso e da Prática Antropológica. Lisboa: Edições Cosmos/ Cosmos Antropologia, nº 1.
CRONEBERG, Carl (1975) “The Deaf Community”. In William C. Stokoe & Carl Croneberg Dictionary of ASL. Lintsok Press [cursos LGP].
DIAS, Jorge (1950) Os Elementos Fundamentais da Cultura Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda/ colecção Essencial nº 6, 1985.
EVANS-PRITCHARD, E. E. (1989) História do Pensamento Antropológico. Lisboa: Edições 70.
KROBER, Alfred Louis (1993) A Natureza da Cultura. Lisboa: Edições 70/ Perspectivas do Homem, nº 44.
GEERTZ, Clifford (1973) A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara, 1989. # https://identidadesculturas.files.wordpress.com/2011/05/geertz_clifford-_a_interpretac3a7c3a3o_das_culturas.pdf
HAMMERS, Martyn & ATKINSON, Paul (1983) Ethnography: principles in practice. London and N.Y.: Tavistock Publications/ Social Sciences Paperbacks, nº 249.
LANCY, David F. (2015) The Anthropology of Childhood.
Cherubs, Chattel, Changelings. Cambridge University Press. 2nd Ed. #
LANGHANS, Almeida (1968-1970) Antropologia Luso-atlântica. Lisboa: Parceria A. M. Pereira, 1º volume: Estudo do homem português, 1968; 2º volume: Estudo das maneiras de viver do homem português, 1970.
LEAL, João (2006) Antropologia em Portugal, Mestres, Percursos, Tradições. Lisboa: Livros Horizonte/ Primitivos & Modernos, nº 1.
MALINOWSKI, Bronislaw (1944) Uma Teoria Científica da Cultura e outros ensaios. Lisboa: Edições 70/ Perspectivas do Homem, nº 47, 1997.
MARTINS, Humberto e MENDES, Paulo (orgs) (2016) Trabalho de Campo: Envolvimento e Experiências em Antropologia. Lisboa: ICS. #
MAUSS, Marcel (1967) Manual de Etnografia. Lisboa: Dom Quixote/ Nova Enciclopédia, 1993. #
MERCIER, Paul (1966) História da Antropologia. Lisboa: Teorema, 1986. #
O'NEILL, Brian Juan (2006) Antropologia Social: sociedades complexas. Lisboa: Universidade Aberta. #
SALZMAN, Philip Carl (2001) Understanding Culture: an introduction to Anthropological theory. Prospect Heights, Illinois: Waveland Press. #
SANTOS, Armindo (2006) Antropologia do Parentesco e da Família: teorias e investigação. Lisboa: Instituto Piaget/ Epistemologia e Sociedade, nº 241.
SILVANO, Filomena (2001) Antropologia do Espaço: uma introdução. Oeiras: Celta.
SOUTA, Luís (1997) Multiculturalidade e Educação. Porto: Profedições [esg]; em particular o cap. XIII “Antropologia da multiculturalidade” http://comum.rcaap.pt/handle/123456789/6183
STOCZKOWSKI, Wiiktor (2000) Antropologia Ingénua, Antropologia Erudita: origem do homem, imaginação e ideias adquiridas. Lisboa: Instituto Piaget/ Epistemologia e Sociedade, nº 121. #
SPERBER, Dan (1992) O Saber dos Antropólogos. Lisboa: Edições 70/ Perspectivas do Homem, nº 43.
VELHO, Gilberto (1973) A Utopia Urbana. Um estudo de antropologia social. Zahar Editor, 6ª edição, 1989.
VERDE, Filipe (2008) O Homem Livre: Mito, Moral e Carácter numa Sociedade Ameríndia. Coimbra: Angelus Novus/ Fronteiras da Cultura.
VIEIRA, Ricardo (2011) Educação e Diversidade Cultural. Notas de Antropologia da Educação. Porto: Afrontamento-CIID-IPL/ Textos /87. #

Página gerada em: 2024-03-29 às 06:47:36