Setúbal foi o único distrito que não teve Escola de Magistério Primário ou Escola Normal de Educadores de Infância. Por isso, a Escola Superior de Educação (ESE) do Instituto Politécnico de Setúbal não estava prevista na rede inicial das Escolas Superiores de Educação, integradas no que viria a ser designado como ensino superior politécnico.
Quando iniciou a sua atividade em 1985, a ESE inseria-se nesta rede de instituições destinadas à formação inicial e contínua de professores que, por esta altura já abrangia todo o país. A ESE começou por intervir no processo da profissionalização em serviço e da formação contínua de educadores e professores dos ensinos Básico e Secundário.
Em 10 de Julho desse ano é nomeada a sua primeira comissão instaladora. Éramos então a segunda Escola do IPS e estávamos, provisoriamente, instalados no Palácio Fryxell, no coração da cidade.
A partir de 1987 iniciaram-se os cursos de formação inicial de Educadores de Infância e de Professores do 1º Ciclo do Ensino Básico (cursos de bacharelato). Estávamos na altura na Fábrica Barreiros, instalações hoje do IEFP.
Em termos de oferta formativa, seguiram-se as chamadas variantes - grau de licenciatura - (1993), predominantemente viradas para o 2º ciclo do Ensino Básico: Português-Inglês, Português-Francês, Educação Física (em 1990), Matemática-Ciências da Natureza (1991), Educação Visual e Tecnológica e Educação Musical do Ensino Básico Entretanto, criámos em 2004, um curso único a nível nacional – Educação de Infância para Apoio à Educação Bilingue da Criança Surda.
Nesta altura estávamos já nas nossas instalações definitivas no Campus do IPS, inauguradas em 29 de Junho de 1993 pelo então Primeiro Ministro Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva. O edifício, da autoria do Arquiteto Siza Vieira, recebeu nesse ano o Grande Prémio Nacional de Arquitetura.
A necessidade de responder às expectativas de formação dos jovens da região de Setúbal, o desenvolvimento de competências ao nível do seu corpo docente em diferentes domínios, a quebra demográfica e a recessão na procura dos cursos de formação de professores conduziu a ESE a um processo progressivo de viragem para outras áreas científico-profissionais e consequente abertura de novos cursos: Comunicação Social (1993), Tradução de Interpretação (1996), Tradução e Interpretação e Língua Gestual Portuguesa (1997), Desporto de Recreação (2002), Animação e Intervenção Sociocultural (2004) e Promoção Artística e Património (2005).
Com a primeira alteração à Lei de Bases do Sistema Educativo (Setembro 1997) foi possível transformar em licenciatura grande parte dos cursos de bacharelato da ESE. Já em 2007, a generalidade destes cursos viu aprovada a sua adequação ao modelo decorrente do Processo de Bolonha, mantendo em funcionamento seis cursos do 1º ciclo neste modelo: Animação e Intervenção Sociocultural, Comunicação Social, Desporto, Educação Básica, Promoção Artística e Património e Tradução e Interpretação de Língua Gestual Portuguesa.
A ESE desenvolveu Cursos de Estudos Superiores Especializados: Gestão Pedagógica e Administrativa (1989), Integração Escolar (1993), Curso de Formação Complementar Especializada (Centro de Recursos), Cursos de Formação Complementar de Professores do 1º Ciclo – especialização em Português (2001) e Matemática (2003) e, em parceria institucional, Cursos de Mestrado (Ciências da Educação – Especialização em Educação de Infância e Didática das línguas).
Entretanto, conta também desenvolver as oportunidades de formação, nomeadamente ao nível do 2º ciclo, para além da oferta do Mestrado em Ensino de Educação Musical no Ensino Básico e do Mestrado em Ensino de Educação Visual e Tecnológica no Ensino Básico, já aprovados pelo MCTES.
Nos últimos anos, assistimos ao relançamento da formação contínua no 1º ciclo, área de forte tradição nesta Escola, através da integração em programas nacionais da iniciativa do Ministério da Educação: Matemática (posteriormente alargado também ao 2º ciclo), Competências Básicas em TIC, Ensino Experimental das Ciências e do Ensino do Português (PNEP).
A cooperação com os países africanos de língua oficial portuguesa tem sido uma constante na vida da nossa Escola. Presentemente, decorrem projetos pluri-anuais em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique. A Escola tornou-se, graças às suas atividades de intercâmbio e aos projetos desenvolvidos em diferentes países europeus e africanos, num espaço multicultural onde convivem estudantes e docentes de várias origens culturais, gerando-se atitudes positivas de abertura ao mundo, de cooperação e tolerância relativamente às diferenças sociais e étnico-culturais.
Tal papel tem vindo a ser comprovado nas múltiplas atividades em que os seus alunos, professores e funcionários não docentes se envolvem, nomeadamente no desenvolvimento de eventos de cariz científico, pedagógico e cultural, bem como pela existência da Associação de Estudantes da ESE e de Tuna Sadina (tuna feminina). Conta ainda com uma Unidade de Inserção na Vida Ativa (UNIVA) em colaboração com o IEFP, funciona como Centro de Apoio da Universidade Aberta e acolhe o Centro de Avaliação de Português Língua Estrangeira (CAPLE).
No total recebe cerca de 800 alunos, incluindo os ‘Maiores de 23 e dezenas de alunos oriundos de vários países europeus, no âmbito dos Programas de Mobilidade, de que se destaca o Erasmus.
Para este resultado em muito tem contribuído a ligação com a comunidade, o número de parcerias e protocolos de cooperação acordados com mais de 90 instituições, entre associações, escolas, agrupamentos, jardins-de-infância, creches, hospitais, institutos, empresas e câmaras municipais, entre outras, especialmente na região de Setúbal, mas atraindo também entidades de outros locais do país.
No processo de desenvolvimento da Escola afirmou-se claramente a vontade de criar uma nova realidade pedagógica, humanizada e centrada nas pessoas, através de atitudes e práticas de valorização dos alunos, criando um contexto favorável ao desenvolvimento pessoal e à aprendizagem.
A título de exemplo os alunos da Escola Superior de Educação de Setúbal podem contar com vários serviços oferecidos pela Escola e pelo IPS, para além dos que são disponibilizados pelos Serviços de Ação Social, em particular no domínio do desporto através do Clube Desportivo do IPS.
Numa abordagem inovadora, a ESE oferece vários períodos de estágio e práticas pedagógicas em todos os seus cursos de formação inicial (favorecendo a formação em alternância), introduz Unidades Curriculares que favorecem uma atitude empreendedora nos alunos e procura apoiar a sua inserção no mercado de trabalho, recorrendo a uma Unidade de Inserção na Vida Ativa (UNIVA) em colaboração com o IEFP.
É, desta forma, preocupação permanente da ESE promover a educação para a cidadania, designadamente através do desenvolvimento da capacidade de intervenção na escola e na sociedade, da educação para os media e na compreensão do mundo atual, ajudando a formar cidadãos munidos dos conhecimentos necessários para o pleno exercício da profissão que escolheram.